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Saí de Caxambu às 7:30hs depois de passar no Parque das Águas para carimbar o passaporte, em direção a Pinheirinhos, a última cidade no caminho antes de entrar no Estado de São Paulo. Um trajeto de aproximadamente 65km. A maior parte do trecho foi feito por estradas asfaltadas, mas não muito movimentadas e praticamente sem acostamento.

Este trecho do caminho tem poucos atrativos, a não ser a paisagem com muitos morros e algumas áreas de mata preservada. Logo no início havia uma subida de aproximadamente 250 metros de altimetria até o Morro do Cavado com uma bela vista da região. Seguindo em direção a Pouso Alto passei por uma fábrica da Lactalis, empresa francesa líder em laticínios no Brasil, localizada no trevo que vai para São Lourenço. Deste ponto em diante a estrada segue sem fortes ondulações, entretanto a falta de acostamento exige atenção redobrada em função da presença de caminhões, nos dois sentidos.

Perto do meio-dia cheguei em Itanhandu, cidade mineira que tem sua origem no princípio do século XVIII como um pequeno conjunto de casas e fazendas que deram origem ao arraial de Barra do Rio Verde, localizado aos pés da Mantiqueira e banhado pelos rios Verde, Passa Quatro e Ribeirão Itanhandu. 

O nome Itanhandu, é de origem tupi-guarani, sendo chamado assim pelos índios Cataguases em função das grandes quantidades de pedras que correm (seixos rolados – ITA) presentes nas corredeiras (NHANDU) do Rio Verde, dando origem a Itanhandu. Almocei no Hotel e Restaurante Casarão, tombado pela prefeitura municipal em 2012 por sua importância cultural para a cidade.

Em função do horário e por faltar apenas 17 km para chegar em Pinheirinhos, resolvi buscar uma alternativa de hospedagem já no estado de São Paulo, antecipando assim a travessia da Serra da Mantiqueira, em seu ponto mais baixo, a Garganta do Embaú, na divisa dos municípios de Passa Quatro, MG e Cruzeiro, no Estado de São Paulo, encurtando o trajeto do dia seguinte e a chegada a Aparecida.

A única alternativa encontrada, a aproximadamente 32 km, já do lado de Cruzeiro, foi um sítio, normalmente alugado para eventos e festas (Sitio do Luizinho), que consegui contato com informações disponíveis no Google.

Saindo de Itanhandu, passei por Passa Quatro e em seguida por Pinheirinhos, onde me sugeriram atravessar a serra pelo túnel da ferrovia, decidi aceitar a recomendação e segui ao longo dos trilhos por aproximadamente 8 km. (Não recomendo este trajeto).

Apesar de ser um caminho bucólico, é muito difícil pedalar ao lado dos trilhos, sendo necessário mudar de lado várias vezes. Ao final, quando cheguei do lado de São Paulo tive ainda que subir por um trecho de grande inclinação para voltar a encontrar a estrada e seguir até o sítio.

Dentro do Túnel da Mantiqueira, inaugurado pelo imperador dom Pedro II em 14 de junho de 1884, se desenrolaram os mais sangrentos combates da Revolução de 1932, quando tropas Paulistas e Federais se enfrentaram em função do Golpe de Getúlio Vargas, não aceito pelos Paulistas. Até hoje, a passagem ferroviária, ainda exibe marcas dos enfrentamentos. Suas paredes de tijolos revestidos por massa ainda exibem orifícios dos projéteis e estilhaços deflagrados por mineiros e paulistas.